Seu filho respira mal?

A respiração parece incerta, as vezes é muito barulhenta, semelhante ao ressonar de um adulto. O bebê apresenta falhas respiratórias e não dorme convenientemente nem deixa os pais dormirem, tal é a preocupação com as madrugadas em que algo parece não estar bem com o bebê. Falamos de apnéia do sono que pode ser caracterizada de várias formas e afetar os bebês recém-nascidos de diferentes modos.

A apnéia é definida como a paragem temporária de respiração durante aproximadamente 20 segundos ou por um intervalo de tempo mais curto “se a paragem temporária da respiração for acompanhada de bradicardia, hipotonia, palidez ou cianose”, explica Armando Fernandes.

A apnéia da prematuridade é freqüente e pode ter consequências após a alta hospitalar do lactente. “Pode ser ponderada a necessidade de utilização de monitores cardiorrespiratórios, também intitulados de monitores de apnéia”. Os pais devem procurar ajuda especializada no pediatra assistente “se a criança apresentar manifestações de apnéia obstrutiva do sono”.

O médico irá orientar os progenitores com o propósito de resolução do problema. Pode inclusivamente encaminhá-la para uma consulta de otorrinolaringologia “onde pode ser colocada a hipótese de extração das amígdalas e / ou adenóides”. A maioria dos episódios de apnéia da infância ocorre nos primeiros seis meses de vida.

Classificação da apnéia
Quando a criança não se esforça para respirar, estamos perante uma apnéia central que ocorre freqüentemente em crianças prematuras, podendo indicar “alterações do controlo central dos centros respiratórios do tronco cerebral. Contudo, a presença apnéia de sono obstrutiva a longo prazo, pode desenvolver componentes centrais, ou seja, a denominada apnéia mista”. Quando uma criança não consegue respirar devido à obstrução das vias aéreas superiores, a apnéia define-se como obstrutiva.

“A apnéia de sono obstrutiva acontece em crianças normais com uma incidência de cerca de 2%, aumentando em crianças com alterações craniofaciais, doenças neuromusculares, entre outras. A incidência também aumenta quando as crianças foram medicadas com certos medicamentos (hipnóticos, sedativos ou anticonvulsivantes).”

Este tipo de apnéia pode ter graves consequências para o bebê. “Para além da alteração da qualidade de vida, há também riscos durante a noite: cada vez que a respiração pára, o nível de oxigênio no sangue baixa e o coração tem de trabalhar intensamente, levando a um aumento da pressão arterial, ao acréscimo da pressão pulmonar e, por vezes, a arritmias cardíacas graves ecor pulmonale.A não recuperação de uma apnéia pode provocar a perda de consciência e, como última consequência, à morte”, indica o pediatra. Mas nem tudo são más notícias! Felizmente, a maioria das apnéias dos recém-nascidos são identificadas, tratados e resolvidas em pouco tempo.

Roncopatia infantil
Muitas vezes, os pais dizem que o seu filho ressona e questionam se não será precoce ou se a roncopatia poderá estar relacionada com uma constipação ou uma outra doença respiratória. “O ressonar não é mais do que o ruído provocado pela passagem do ar nas vias respiratórias quando obstruídas durante o sono.Se for intenso e interrompido por pausas, pode ser um dos primeiros sinais da existência da síndrome de apnéia obstrutiva do sono. A hipertrofia dos adenóides e das amígdalas é a causa principal de roncopatia na criança, com um pico de incidência entre os 18 meses e os 5 anos de idade.Pelo descrito anteriormente, facilmente se compreende que o ressonar num bebê deve, até prova em contrário, ser considerado como anormal pelo que justifica falar com o pediatra assistente para avaliação clínica e, eventual, investigação etiológica e correção adequada”, aconselha Armando Fernandes.

Depois de uma consulta no pediatra assistente, e se a história clínica da criança for compatível com a síndrome de apnéia obstrutiva do sono, deve verificar-se os indicadores de gravidade que agravam a patologia, como por exemplo, “a má progressão ponderal, a hipertensão arterial, a policitemia (número invulgarmente elevado de glóbulos vermelhos no sangue), os sinais de hipertensão pulmonar e a insuficiência cardíaca direita”.

Como tratar?
Pode existir indicação cirúrgica se a síndrome de apnéia obstrutiva do sono for acompanhada de hipertrofia dos adenóides e/ou das amígdalas, pelo que a criança deve ser precocemente avaliada por um otorrinolaringologista. O seu pediatra assistente certamente lhe recomendará um especialista da sua confiança e encaminhará o seu filho a uma consulta devidamente referenciada para que lhe seja prescrito o tratamento mais adequado.

Armando Fernandes recomenda que “os pais dos recém-nascidos com risco de sofrerem de apneia devem ser treinados em reanimação básica neo-natal – o chamado “ABC da reanimação” ou “respiração boca-a-boca”. Se o bebê tiver um episódio de apnéia, os pais devem iniciar imediatamente as manobras de “respiração boca-a-boca”,levar imediatamente o bebê ao serviço de urgência mais próximo.

Teoricamente, quando o problema for resolvido definitivamente, os pais tendem a dormir mais tranquilos. “No entanto, muitos pais de crianças que sofreram apnéias ou episódios de aparente risco de vida continuam angustiados muito tempo depois do problema estar resolvido”, conclui o pediatra.

Fonte: Familia Sapo

0 comentários :

Postar um comentário